sábado, 18 de outubro de 2008

Cinza

Ando costurando pela vida
Sem saber
Sem querer saber onde ela dá
Dias me mastigam, me trituram, me digerem
Já que me recuso a engolir mais do seu mesmo.

Ando sendo levada pelas coisas
Perdendo o sono porque não sei mais sonhar
Hoje eu só vejo, toco, ouço, cheiro e engulo
Sem sentir o paladar, porque tudo é fugidio.

Todo substrato abstrato se esconde
No meio dos livros, teorias relativas
Toda poesia se traveste de cinza
Da concretude cinza da cidade e seu relógio.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Sua

Esses dias confusos
Trazem novas histórias:
Teus trejeitos moleques
Minha cara pedinte...
O teu corpo inerte
Me apavora e me chama
e eu me assusto comigo:
pouco minha e tão sua.

Esses dias estranhos
Trazem loucas memórias:
Os seus olhos de susto
Minha boca com sede...
Tua expressão distante
Me aprecia e me instiga
Tua essência tão próxima
Me apaixona e sacia.

domingo, 12 de outubro de 2008

Você

Você, que faz do tempo um pássaro

Você Sol, de raios suaves pros olhos

Você que eu olho direto e encaro e me vejo

Você que veio em passos cuidadosos, sem barulho

Você que eu amo com pressa

Pra ter logo amanhãs e histórias nossas

Você que eu sinto fibra a fibra

Pra não perder nenhum dos mínimos detalhes

Você que eu vou decifrando

Você que vai me devorando

Você que vem me recriando

A gerações e gerações.

O Novo

Marco de vida nova:

As coisas tuas na minha casa

O teu descanso em minha poltrona

O teu abraço com asas nas esquinas de meu país.

Meu pedaço de mundo novo

Meu prenúncio pra um sonho não-inventado

Pra um velho sonho que tinha medo

Da chuva, do tédio, do cansaço.

Olhos novos, presente eterno

Nova casa, coisas nossas

Descanso duplo, de qualquer lugar

De um novo país, desse nosso novo mundo.