sábado, 25 de outubro de 2008

Mais que menina


O que eu soube de mim?
Um sorriso fingido
Uma porta trancada
Uma chave perdida
Eu não soube mais nada.

Da menina que eu sou:
Uma rosa sem pétalas
Um olhar sem destino
Meu espelho quebrado
Corpo tenso e cansado.

Houve um toque de mestre
De menino sabido
Que nunca teve a chave
Que sempre teve força
Que derrubou a porta.

Que me invadiu sem medo
Que me viu sem pudor
Tão mulher, tão crescida
Muito mais que uma menina
Nunca mais tão pequenina.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

O tempo é nosso ditador
Nos limita, nos afasta
O tempo ameaça
Me torna alheia de ti.

Me resta o vício na tua boca
Tua palavra, ainda que pouca
O meu desejo tão consciente
Das nossas peles, do nosso sexo...

Da nossa intensa ausência de nexo
Em sermos o que somos
Em termos o que temos.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Admirável Velho Mundo

Minha cara de louca no espelho
Me traz o medo da madrugada
Eu que não durmo direito,
eu que não sonho mais nada.

Espero o azul do céu claro
Pintar minha cortina amarela
Esboço um sorriso safado
e corro pra abrir a janela...

Mas tudo permanece igual
ao ontem tão torpe e tão sujo
Ao sempre demente banal
Admirável velho mundo.