terça-feira, 29 de setembro de 2009

Os anos passam diante do espelho
Machucam a memória
Maculam meu peito
Torturam minha carne deixando marcas.
Arranham meu corpo deixando rastros.

E esses rastros, errantes, estranhos
Quem é que vai querer segui-los?
Quem os desejará como destino?
Os ponteiros giram feito hélices
E o meu tempo me arrasta pelo asfalto
Meus pedaços pelas ruas que não vejo
Meu sangue forma um rastro que desconheço.

terça-feira, 30 de junho de 2009

A tua voz, que eu nunca ouço
Reverbera na memória como mantra
Que me incomoda, que me vicia
E que me guia nessa minha estrada errante.

As tuas coisas, os teus trejeitos
A tua alma mergulha em cada gesto
Presente em tudo, sem ser chamada
Em cada madrugada, dia, tarde ou noite.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Na Minha Cama

Na minha cama
Se estende o corpo - casa da alma que é minha irmã
E nesse corpo
Dormem os filhos do meu futuro, que vejo em seus olhos
E nesse sono
O inconsciente brinca com a minha imagem que não conheço
E nesses sonhos
Nossos desejos e os seus desejos que não são meus.

Na minha cama:
Corpo, alma, sono, sonhos
Você inteiro, minha metade
Que repousa quase inerte inconsciente.

Corpos, sexo, desejos, palavras
Duas metades, nós dois inteiros
Nessa cama que nos conta histórias
Nesse nosso livro de memórias.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

A mil por hora

Se eu não tivesse atravessado sinais vermelhos
Desvios, cancelas
Se eu não tivesse corrido sem freios
A mil por hora na tua direção
Talvez agora não existisse, mais do que nunca
Na minha estrada
A tua imagem em todas as placas
Pessoas, luzes, outdoors.

Se eu não vivesse a testar meus limites
Por brincadeira ou por loucura
Se eu tivesse seguido mapas
Ou tido medo ou qualquer razão
Certamente eu não teria agora
Os teus trejeitos no pensamento
Fatalmente eu estaria agora
Seguindo a cem por hora pra lugar nenhum.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

São raros os ruídos desta tarde

Mas tantas as saudades e os delírios

E eu penso em tantas tardes vividas

E manhãs e noites e coisas sem sentido


Em tudo, sempre eu e a eterna busca

Por uma vida boba,

Por um sorriso tolo,

No espelho das vidraças de todas as ruas

De todas as esquinas do meu mundo.


Mas meu sorriso é um esboço de um desejo

E a minha vida é um filme em preto e branco

Minhas saudades são passados tão presentes

E o meu presente é um presente que eu não abro.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Teu universo particular

Teus pés furtivos, teu riso raro

Tua pele-seda, teu jeito calmo

Teus olhos que quase nunca me encontram

São teu universo particular

Que tanto me encanta

Como em contos de criança

Que cisma em me envenenar.


Esse teu delicioso veneno, tuas manhas

Tua presença, que é sempre ausência

O teu chamado no silêncio que berra

São teu universo particular

Que teima em doer

Que fere e de novo faz sangrar

Que me testa com prazer.


Ah esse teu universo particular...

Que me encanta e machuca

Que teima em se dar a mim

Pra que eu viva de amor, sofra de amor

Sangre de amor e fim.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Memórias


Teus traços se perdem na minha lembrança
Teu rosto criança que eu tento lembrar.
Teu choro contido no fundo dos olhos
me lança pra longe demais da rotina.

E eu quero voltar pro banal de toda vida
Não quero mais me deixar levar.

As tuas palavras, você entalha na minha memória
Me faz esperar e querer o que eu não posso.
E os teus passos leves, gatunos que me invadiram a casa,
me trazem histórias que eu não poderei escrever ou viver.

Eu quero sorrir pra você sem ter medo
Não ter que fingir que não quero te ter.